Laudo aponta necessidade de obras para garantir segurança de monotrilho parado há duas décadas em MG

  • 06/09/2024
(Foto: Reprodução)
Inspirado no monotrilho da Disney, veículo funcionou poucas vezes, chegou a descarrilar com 19 passageiros e duas pilastras caíram nos anos 2000 até que estrutura foi inutilizada. Monotrilho de Poços de Caldas (MG) Júlia Reis/g1 Um laudo técnico concluiu que a estrutura do monotrilho de Poços de Caldas (MG), embora não apresente risco de colapso imediato, necessita de intervenções estruturais para garantir segurança a médio prazo. O relatório recomenda obras em até dois anos, além de reforços em vigas e pilares. (Veja mais abaixo) 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp O documento se tornou público após ser protocolado na quarta-feira (4) em resposta a um pedido de informações encaminhado pela Câmara de Vereadores no dia 12 de agosto. O primeiro prazo de entrega do laudo venceria em 5 de abril, mas foi prorrogado para o dia 20 de maio. Já no dia 27 de maio, foi prorrogado pela segunda vez para o dia 19 de julho. Com a vigência do contrato até 18 de agosto, a terceira prorrogação foi até a segunda semana de agosto. O laudo tem 61 páginas e foi emitido no dia 1º de agosto. O estudo foi realizado pela ELC Engenharia LTDA – empresa de Goiânia (GO) contratada pelo município – e é assinado por três engenheiros. As inspeções e testes para a emissão do documento foram realizados durante três visitas, ocorridas entre fevereiro e maio deste ano. Durante as vistorias, foram identificadas manifestações patológicas, como fissuras e desplacamento de concreto nos pilares, nas vigas de travessas e de rolamento, além de corrosão nas armaduras e presença de mofo. Monotrilho de Poços de Caldas (MG) Júlia Reis/g1 O laudo também ressalta os acontecimentos como o desabamento de parte da estrutura em novembro de 2003, uma manutenção feita em dezembro de 2018 e a existência de outros laudos e pareceres técnicos sobre a estrutura apresentados em agosto de 2004, novembro de 2021 e junho de 2022. A conclusão aponta que "a estrutura de concreto armado do monotrilho não apresenta, no momento, para as configurações atuais de carregamento e uso, risco de colapso global”. O que significa que a estrutura de concreto do monotrilho não corre o risco de desabar completamente ou sofrer um colapso total nas condições atuais de uso e carga. No entanto, de acordo com o estudo, isso se refere apenas ao estado atual e não garante que, sem intervenções, a segurança da estrutura será mantida no futuro. Mesmo sem risco imediato, o estudo recomenda reparos e reforços para garantir a durabilidade e a segurança contínua da estrutura ao longo do tempo. Recomendações Para garantir a segurança contínua dos usuários, mesmo que o monotrilho não esteja em operação, algumas intervenções serão necessárias a médio prazo, segundo o documento: Em até dois anos, será preciso realizar obras para conter os taludes onde estão as fundações da estrutura; Fazer relatórios anuais de inspeção visual da estrutura e dos taludes após a entrega do estudo. Monotrilho de Poços de Caldas (MG) Júlia Reis/g1 O laudo apontou que a superestrutura, conforme foi construída, tem capacidade suficiente para suportar o monotrilho e o tipo de trem analisado. Porém, para assegurar um desempenho adequado em termos de resistência, funcionamento e durabilidade, algumas intervenções são necessárias antes do uso da estrutura: Reforçar e recuperar as vigas transversais dos pórticos, substituindo os suportes de Neoprene e instalando chapas metálicas para distribuir melhor as tensões nas vigas; Recuperar a estrutura dos pilares dos pórticos; Reparar e recuperar a estrutura das vigas de rolamento; Reforçar as vigas de transição nas estações; Prospecção refinada das fundações e análise geotécnica e estrutural da capacidade resistente frente às solicitações provocadas pelo trem tipo do monotrilho a ser efetivamente utilizado Fazer uma análise estrutural específica para o tipo de trem a ser utilizado. Após o início de uma possível operação, outras intervenções poderão ser feitas em um prazo de 5 a 10 anos. O laudo fala em aplicar tratamentos de proteção contra corrosão – o que pode prolongar a durabilidade da estrutura. Histórico do monotrilho Estacionado há mais de duas décadas após a estreia, o monotrilho foi inaugurado como uma promessa de transformação da mobilidade urbana em Poços de Caldas. Da concepção, em 1981, até os dias atuais, a iniciativa já enfrentou uma série de desafios que tem dificultado a reativação e ainda colocam em questão a viabilidade do “trem futurístico”. Comparado com o trem da Disney, imaginado como uma pista de caminhada elevada e até sonhado como um meio de transporte turístico, o monotrilho parecia uma solução inovadora. Monotrilho da Disney (à esquerda) e monotrilho de Poços de Caldas (à direita) Disney e Júlia Reis/g1 A estrutura do monotrilho de Poços de Caldas é feita em concreto armado com extensão total edificada de cerca de 4,3 km. O sistema estrutural é composto por vigas de rolamento moldadas in loco sobre pórticos formados por dois pilares e uma viga de travamento. O monotrilho inicia no Terminal Rodoviário e segue pelas margens do Rio Lambari ao longo das Avenidas Mansur Frayha, João Pinheiro e Francisco Salles até o Terminal de Linhas Urbanas. Os testes com passageiros começaram nos anos 2000. Após a inauguração oficial, o trem descarrilou em uma curva e 19 pessoas precisaram ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. O monotrilho funcionou poucas vezes até que foi suspenso definitivamente em 2003, quando duas pilastras, que ficam ao longo da Avenida João Pinheiro, caíram e derrubaram cerca de 50 metros da estrutura. Moradores alegam que estrutura do monotrilho está comprometida em Poços Reprodução EPTV Em 2019, a empresa responsável pelo projeto, J. Ferreira Ltda, abdicou do contrato de concessão do monotrilho, entregando a obra nas mãos da Prefeitura de Poços de Caldas. Desde então, a administração municipal solicitou avaliações técnicas para entender a viabilidade e as condições da estrutura. Veja a linha do tempo e entenda como o monotrilho chegou a este ponto DEMOLIDO OU TERCEIRIZADO? Entenda futuro de monotrilho inspirado em atração da Disney em Poços de Caldas Próximos passos Em 2023, a gestão municipal afirmou ao g1 que fazia buscas para encontrar uma empresa especializada que consiga colocar o equipamento para funcionar em segurança. À época, o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) afirmou estar em contato com empresas interessadas em dar destinação ao equipamento, seja para transporte urbano – entre pontos da cidade – ou até mesmo para fins turísticos. Entenda o futuro do monotrilho e o que impede uso de 'trem futurístico' em Poços de Caldas Depois de encontrar a empresa ideal, a segunda etapa seria uma concessão. Conforme o prefeito, deve acontecer da mesma forma em que foi feita na área turística da cidade. “Esse monotrilho nosso é igual o que tem na Disney. Ele foi até inspirado lá. E lá funciona muito bem. Por que aqui não funcionaria? Já está pronto. Falta pouca coisa para funcionar. Então, nós vamos esgotar todas as possibilidades de que ele possa vir a funcionar”, estimou o prefeito na época. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2024/09/06/monotrilho-de-pocos-de-caldas-laudo-aponta-como-manter-a-seguranca-e-o-que-fazer-para-estrutura-funcionar-apos-20-anos.ghtml


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