Criança baleada na cabeça por policial penal está em estado gravíssimo, diz pai
18/06/2025
(Foto: Reprodução) Menina de 10 anos estava no banco do passageiro do veículo atingido pelos tiros, no último domingo (15), em Porto Firme (MG). Ela foi transferida de um hospital de Ponte Nova para Juiz de Fora. Justiça determina prisão de policial penal que atirou em criança em briga de trânsito
A criança baleada por um policial penal que atirou contra um carro em Porto Firme, na Zona da Mata, está em estado gravíssimo, segundo o pai dela. Na manhã desta quarta-feira (18), Marcelo de Oliveira e Souza disse que a filha, Lavínia Freitas de Oliveira e Souza, de 10 anos, corria alto risco de vida.
"Ela está em estado gravíssimo, sendo monitorada por aparelhos, entubada e recebendo medicação, com alto risco de vida. A família pede orações para que ela consiga se recuperar", afirmou Marcelo.
Às 15h30, o Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros informou que foi acionado para levar a menina do Hospital Arnaldo Gavazza Filho, em Ponte Nova, à Santa Casa de Juiz de Fora, "visando a continuidade dos cuidados médicos especializados". A transferência foi realizada em um avião.
Lavínia Freitas de Oliveira e Souza, de 10 anos, está entubada no Hospital Arnaldo Gavazza Filho, em Ponte Nova.
Reprodução/Redes sociais
Lavínia estava no banco do passageiro e voltava da casa dos avós, no último domingo (15), quando o veículo da família foi atingido por tiros. Quem fez os disparos foi o policial penal Márcio da Silveira Coelho, de 34 anos. À Polícia Militar, ele alegou que levou uma "fechada" no trânsito e se sentiu ameaçado (leia mais abaixo).
O homem recebeu voz de prisão no dia do crime e teve a arma apreendida. Na terça-feira (17), a Justiça considerou que o caso é de "extrema gravidade" e determinou que ele fique preso preventivamente, ou seja, responda ao processo na cadeia.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que a Corregedoria da Polícia Penal abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta do servidor. A Polícia Civil também investiga o ocorrido.
Procurada pelo g1, a defesa do policial alegou que ele estava com a família e passou a ser seguido "de forma suspeita" pelo outro carro. O advogado Rafael Abeilar disse, também, que o cliente "realizou disparos para o alto, com o único intuito de afastar o veículo e proteger sua família de um possível ataque" e que "não houve qualquer intenção de atingir terceiros, muito menos uma criança".
Câmera de segurança
Uma câmera de segurança registrou o momento em que o policial penal apontou uma pistola para o carro com a menina de 10 anos.
No vídeo, é possível vê-lo com a arma em punho, já com o braço para fora da janela e mirando o veículo à frente, onde estavam pai e filha.
Vídeo mostra momento em que policial penal que baleou criança em MG
Versão do pai
De acordo com o registro da PM, o pai da menina, de 46 anos, relatou que trafegava pela estrada que conecta os municípios de Diogo Vasconcelos e Porto Firme quando um carro em alta velocidade se aproximou e o ultrapassou. Em seguida, o motorista que estava no outro veículo parou e desceu.
O pai da criança pensou que poderia ser um assalto e acelerou para escapar. Assim que arrancou, ele ouviu vários tiros e percebeu que um deles acertou a cabeça da criança.
Ainda conforme o relato, o homem seguiu com a filha para uma unidade de saúde em Viçosa. Devido à gravidade dos ferimentos, ela foi transferida para o Hospital Arnaldo Gavazza Filho, em Ponte Nova.
O pai da menina contou aos policiais que não estava sendo ameaçado nem tinha problemas ou dívidas com ninguém. Ele também disse que foi a Diogo de Vasconcelos para visitar os avós da filha.
Versão do policial
Após identificar o carro usado no crime, os policiais foram até o endereço vinculado ao veículo e localizaram o suspeito, Márcio da Silveira Coelho, de 34 anos. Ele se apresentou como policial penal.
À PM, o homem relatou que o outro automóvel tentou ultrapassá-lo em alta velocidade, piscou os faróis e o fechou na pista. O policial penal alegou que se sentiu ameaçado e fez os disparos, mas disse não saber se alguém foi atingido.
Ele também afirmou que a arma estava guardada em casa, dentro do guarda-roupa. A Polícia Militar prendeu o suspeito e apreendeu a pistola.
Investigação
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que a Corregedoria da Polícia Penal instaurou um procedimento preliminar investigativo para apurar a conduta do servidor, que trabalha na unidade prisional de Ponte Nova.
"Ressaltamos que a Sejusp não compactua com possíveis desvios de conduta de seus servidores. Toda e qualquer suspeita é apurada com rigor, sempre respeitando o devido processo legal e os princípios da ampla defesa e do contraditório. Medidas administrativas e, quando necessário, judiciais são adotadas com a seriedade que o tema exige", completou a pasta.
A secretaria também disse que o policial penal teve a prisão ratificada após ser ouvido em uma delegacia e foi encaminhado ao Presídio de Viçosa. Nesta terça-feira (17), ele foi transferido para a Casa de Custódia do Policial Penal e do Agente Socioeducativo, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O caso é apurado pela Polícia Civil, que enviou uma equipe de perícia ao local do crime para identificar e coletar vestígios que subsidiarão a investigação.
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