Carro quebrado, agressões e ameaças: professor fez 'dossiê' contra ex-noivo vereador antes de ser assassinado em MG

  • 14/06/2025
(Foto: Reprodução)
Jhonathan Silva Simões, morto a tiros no dia 29 de maio, em Formiga, registrou boletins de ocorrência e relatou episódios de perseguição, ameaças e agressões. O suspeito é o vereador Lucas Coelho, indiciado por homicídio qualificado. Vereador de Araújos é indiciado por homicídio qualificado pela morte do ex-noivo "Vou derramar seu sangue, Formiga vai chorar seu luto". A ameaça foi feita pelo vereador Lucas Coelho (PSD), de 33 anos, ao ex-noivo, o professor Jhonathan Silva Simões, de 31. Meses depois, em 29 de maio, Jhonathan foi morto a tiros na porta de casa. Segundo a família, o professor vivia com medo e havia reunido denúncias de agressões, ameaças e perseguições em um “dossiê” informal contra o ex-companheiro. O vereador de Araújos (MG) foi indiciado por homicídio doloso qualificado na sexta-feira (13). Segundo a Polícia Civil, o crime foi cometido por motivo torpe, com dificuldade de defesa da vítima e com indícios de premeditação. A reportagem entrou em contato com a defesa de Lucas para se posicionar sobre o indiciamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Ao g1, o primo da vítima, Junio Pablo, contou detalhes do que chamou de um “histórico de abusos psicológicos e físicos”, vividos por Jhonathan ao longo do relacionamento. Os dois ficaram juntos por cerca de um ano, e o namoro terminou em fevereiro deste ano, em meio a brigas constantes. “Ainda não conseguimos acreditar. Eles brigavam muito. Foram muitos episódios de perseguição, agressão, desconfiança e ameaças. Mas nunca imaginamos que poderia chegar a esse ponto, ver meu primo morto na porta de casa”, contou Junio. ➡️ Clique aqui e siga o perfil do g1 Centro-Oeste de Minas no Instagram Professor Jhonathan Silva Simões (à esquerda) foi assassinado em Formiga; suspeito do crime é o vereador de Araújos, Lucas Lucas Coelho (à direita), que se apresentou à delegacia e foi preso Reprodução/Redes Sociais Monitoramento, perseguição e violência Segundo Junio, Lucas monitorava os passos de Jhonatan mesmo após o término do relacionamento, que ocorreu justamente por conta do desgaste da relação e brigas frequentes. “A gente imagina que ele tinha rastreado o celular do Jhony. Teve uma vez que apareceu do nada na casa do pai de uma amiga dele, sem saber onde era”, revelou. Ainda de acordo com Junio, Lucas chegou a pegar o celular de Jhonatan em diversas ocasiões, supostamente para verificar mensagens e ligações, em busca de provas de uma possível traição. Um dos episódios mais tensos aconteceu em Malaquias, distrito de Araújos, quando o professor apareceu com o rosto machucado após ser agredido por Lucas. “Ele chegou com o olho roxo. Disse que Lucas o ameaçou, dizendo que a família dele ia chorar a morte dele em Formiga. Depois disso, ele fez um boletim de ocorrência”, disse. Na mesma ocasião, segundo o primo, o vereador ainda quebrou o carro de Jhonatan. Jhonatan teve o carro quebrado durante uma crise de ciúmes de Lucas Junio Pablo/Arquivo Pessoal O boletim citado pelo primo só veio à tona após a morte de Jhonatan. No documento, o professor dizia que temia pela própria vida — e mencionava explicitamente a ameaça de que teria o sangue derramado. O professor costumava esconder os episódios mais graves da família para poupar a mãe, que é sensível a essas questões. Amigos próximos sabiam mais detalhes das agressões e ameaças, mas muitos deles, segundo Junio, entraram em pânico após o crime. “No dia da morte, não conseguimos falar com quase ninguém. Um dos amigos estava morrendo de medo, porque mora sozinho. Todos estavam com medo do que Lucas pudesse fazer com eles”, contou. Mesmo após o término, Lucas não teria aceitado o fim da relação. Junio relatou que o ex-noivo chegou a aparecer várias vezes na casa da família, pedindo para reatar. “Ele aparecia transtornado lá em casa, pedia para minha mãe convencer o Jhony a voltar. Chorava na porta, ficava rodeando. Teve uma vez que ele apareceu em uma festa em Arcos onde o Jhony estava. O Lucas vivia perseguindo Jhony”. Boletim mostra ameaça feita à vítima durante uma das brigas Junio Pablo/Arquivo Pessoal Crime por motivo torpe As investigações apontam que o crime foi planejado. Segundo a Polícia Civil, Lucas alugou um carro preto em Bom Despacho no dia do assassinato, esperou cerca de 45 minutos pela chegada da vítima na porta de casa e fugiu após os disparos. As imagens foram registradas pelo sistema de videomonitoramento “Olho Vivo”. Um dia antes de Lucas se apresentar à polícia, o carro foi devolvido pelo advogado dele ao proprietário. A polícia também analisou mensagens e dados de aplicativos que reforçam a premeditação do crime. O inquérito foi concluído e enviado ao Ministério Público, que deve apresentar denúncia por homicídio qualificado. Lucas segue preso. Entenda o caso O professor Jhonathan Silva Simões, conhecido como Jhony, de 31 anos, foi morto a tiros no dia 29 de maio, quando chegava em casa após o trabalho, no Bairro Sagrado Coração de Jesus, em Formiga (MG). Segundo a Polícia Civil, o autor dos disparos o esperou por cerca de 45 minutos antes de atirar. A vítima foi atingida por seis tiros pelas costas. O suspeito fugiu com o rosto coberto em um carro preto, sem placas, que havia sido alugado em Bom Despacho no mesmo dia do crime. O principal suspeito é o vereador de Araújos, Lucas Coelho (PSD), de 33 anos, ex-noivo de Jhony. Jhony chegou a registrar boletins de ocorrência relatando o medo que sentia. Ele também pediu uma medida protetiva, mas o pedido foi negado porque, na época, a legislação ainda não previa esse tipo de proteção para casais homoafetivos. Segundo o Ministério Público, após a entrada em vigor da nova lei, que passou a garantir o direito, Jhony não voltou a solicitar a medida. Lucas se apresentou à polícia em Bom Despacho no dia 5 de junho, acompanhado de um advogado, e optou por ficar em silêncio durante o interrogatório. A Polícia Civil concluiu o inquérito e o indiciou por homicídio qualificado. No dia seguinte à apresentação do vereador, a Câmara Municipal de Araújos publicou uma portaria suspendendo o mandato e o salário do parlamentar. 📲 Siga o g1 Centro-Oeste MG no WhatsApp, Facebook e X VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2025/06/14/carro-quebrado-agressoes-e-ameacas-professor-fez-dossie-contra-ex-noivo-vereador-antes-de-ser-assassinado-em-mg.ghtml


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